Em Direção ao Interior… Poemas da Quarentena
Em direção ao interior é uma performance/instalação que surge, fruto de um processo criativo de integração emocional e corporal, ao longo de todo o período de pandemia.










Em direção ao interior… Poemas da Quarentena
Ficha Artística:
Conceção, Criação: Ana Beatriz Degues, Maria Goretti Coelho.
Cocriação, Interpretação: Ana Santos, Maria Abreu, Mariana Catalão, Margarida Ferreira, Patrícia Churro, Teresa Fonseca, Vanja Karadzic
Música ao vivo: Very Mary & Mário Teixeira (Djing / Percussão Live Act)
Em direção ao interior é uma performance/instalação que surge, fruto de um processo criativo de integração emocional e corporal, ao longo de todo o período de pandemia.
É composta por 3 momentos/espaços:
O primeiro, um espaço expositivo cuja curadoria esteve a cargo das intérpretes. Nele se reúnem documentos partilhados nos períodos de confinamento (poemas, textos, desenhos etc...).
O segundo, representando o confinamento, expõe os constrangimentos e estados emocionais a ele associados.
O terceiro representa o regresso ao exterior, a capacidade de reinventar a vida e de transformar a realidade, com todas as memórias, marcas e recursos disponíveis.
A base coreográfica, assente na improvisação, assume-se como uma criação em tempo real, quer em termos de movimento, quer em termos musicais.
Quando se pensa que um pouco do nosso mundo terá ficado suspenso, afinal algo novo no horizonte se desenha. Seria impensável, fora das circunstâncias atuais, imaginar que fosse possível desenvolver o Dançar com o Coração, numa plataforma online, trabalho que, como todos sabemos, envolve corpo, emoções, vínculo, partilha, grupo. Neste método, trabalhamos a integração da voz, do olhar e do movimento dentro da trajetória pessoal de cada um. Isto significa que, uma vez conquistada tal integração, cada parte de nós passa a estar consciente do todo, desencadeando-se uma dança inteligente e orgânica. A memória do nosso corpo permite-nos regressar à vivência completa, atualizar sensações e emoções vividas em grupo, em contacto.
O vínculo, até então desenvolvido através de uma intensa dinâmica grupal, deixou a sua marca, fazendo milagres online. A voz de quem orientou e monitorizou, à distância, esteve imbuída de corpo e de notas vibrantes que envolveram o grupo na confiança partilhada, permitindo-lhes percorrer um novo espaço de experiência. Levar para dentro de casa a vivência do Dançar com o Coração foi, de certa forma, criar um mundo novo, impregnar cada objeto, cada recanto, cada elemento da família numa energia expansiva, inclusiva, regeneradora. Foi uma oportunidade única de reatar com o passado que se encontra em cada fotografia, em cada livro, em cada quadro significativo. Foi dar vida a espaços nossos que estavam adormecidos. Foi dar-lhes mais cor e relevo. Os espaços de vida passaram a ser um só, abrindo-se a grande oportunidade de passarmos a ser mais nós próprios a tempo inteiro. Dançar com o Coração em casa, e ensiná-lo a partir de casa, permitiu-nos experimentar Ser o que fazemos e Fazer o que somos. Foi fazer psicoterapia e dançar dentro da própria vida.
A experiência multifacetada de quem somos é agora uma só, num espaço único que, assim, se expande. Ao eliminar as fronteiras que nos separam de nós próprios, abre-se um horizonte vasto e luminoso. E assim se transforma o confinamento em espaço de liberdade, em espaço de reflexão, de redefinição do rumo que queremos dar à nossa vida. Confirmamos, por esta peculiar experiência, que o quarto vazio da vida pode ser um espaço de infinitas possibilidades, e que a crise pode bem ser o presente que a humanidade necessita para se centrar e reinventar.